quarta-feira, 14 de maio de 2008

A Praia Fluvial do Porto Várzea


A Freguesia de Campia, distanciada 15km do Concelho de Vouzela, situa-se geograficamente a noroeste do Caramulo.
Sempre que me dirijo para esta Serra, depois de sair da A25 no nó de Cambarinho, atravesso esta pacata povoação.

Durante muito tempo li e ouvi falar, e que posteriormente viria a conhecer, dois pontos turísticos importantes a visitar nesta Freguesia: A Reserva Botânica de Cambarinho, especialmente na época dos loendros em flor (Maio e Junho) e o Castro do Cabeço do Couço, que podem ser visitados por quem percorrer o PR2 “Um olhar sobre o mundo rural”, da rede de Percursos Pedestres de Vouzela.

Um dia, no regresso de uma caminhada na Serra do Caramulo, desviei no entroncamento que aquela placa indica (Praia Fluvial) e lá fomos ver como seria esse tal lugar.
Confesso-vos que logo à primeira vista me fascinou.
Não escondo que na época de Verão, este sítio por ser agradável é bastante concorrido mas, nas outras estações do ano, é um “pequeno paraíso” implantado à beira-rio, sossegado e relaxante, sendo já usual dizer-se por estas bandas que os visitantes vão “ao encontro do som do silêncio”.

Esta Praia Fluvial localizada entre Campia e Cercosa, foi criada nas duas margens do Rio Alfusqueiro, afluente do Agueda, que se transpõem por uma ponte rodoviária ou por um passadiço metálico já dentro do parque. Nas espelhadas águas deste bucólico rio, nadam e proliferam trutas, barbos e bogas, entre outros peixes, que a cada momento saltam no seu leito, ao som do coachar das rãs.

Muito do espaço envolvente é coberto por um núcleo florestal de árvores caducifoleas que abrigam muita sombra e convida ao descanso.

Um parque infantil e o chão coberto de relva, são razões que proporcionam a crianças e adultos as mais variadas diversões e passatempo.
Também lá está aquele pitoresco bar que agora já serve refeições ou simplesmente tomar um cafezinho saboroso.

Depois, a “Caramulinha” gosta de sentar perto do açude a ler aquele livro de poesia ou simplesmente de olhos quietinhos fitando a queda do rio a ouvir a canção da água…
Aconselho a todo o trabalhador que leva uma vida tão desgastante e com stress, dentro dos possíveis a vir usufruir destes espaços e belos momentos reconfortantes.

Ah! Nunca venho embora desta terra sem comprar uns frasquinhos de delicioso mel.

E para terminar, nada melhor que vos deixar a ler este belo poema de Fernando Pessoa:

Arvore Verde


Arvore verde
Meu pensamento
Em ti se perde.
Ver é dormir
Neste momento.

Que bom não ser
Estando acordado!
Também em mim enverdecer
Em folhas dado!

Tremulamente
Sentir no corpo,
Brisa na alma!
Não ser que sente
Mas tem a calma.

Eu tinha um sonho
Que me encantava.
Se a manhã vinha
Como a odiava!

Volvia a noite
E o sonho a mim.
Era o meu lar
Minha alma afim.

Depois perdi-o.
Lembro? Quem dera!
Se eu nunca soube
O que ele era!

Beijinhos da “Caramulinha”

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