sábado, 27 de junho de 2009

14-06-2009 – Mondim de Basto (5)

CAMINHADA DO DIA DE PORTUGAL

Parque Natural do Alvão
(breves resumos)


A Serra do Alvão, paredes meias com o Marão, é uma área com formações xistosas de silúrico de grande interesse paisagístico e geológico, cujo fulcro é a queda de água do rio Olo. Estas razões, associadas à abundância e diversidade da avifauna, riqueza e variedade da flora e vegetação e interesse da arquitectura local levaram à classificação (Decreto-Lei n.º 237/83, de 8 de Junho) da Serra do Alvão como Parque Natural.

Hidrologia

A rede hidrográfica do PNAlvão, é de uma grande diversidade, sendo o Rio Olo a sua espinha dorsal.O Rio Olo nasce a 1280m de altitude, a nordeste do Parque. A sua bacia hidrográfica, é constituída por um conjunto de numerosos afluentes e subafluentes com características de pequenos cursos de água, que contribuem para o aumento do caudal do Rio Olo, que por sua vez irá desaguar ao Rio Tâmega. A Ribeira de Fervença e o Rio Sião, são os afluentes com maior significado e localizam-se na sua margem esquerda. O Rio Sião apesar de se localizar fora dos limites do Parque desempenha um papel importante no abastecimento de água à povoação de Ermelo, através do sistema de levadas. A Ribeira do Vale Longo, é um afluente da margem direita e tem um papel igualmente importante na rede de levadas deste Parque Natural. Existe ainda a Ribeira de Arnal, na zona Sul do Parque.

Flora

O Parque Natural do Alvão insere-se muito próximo da zona de transição entre duas regiões fitoclimáticas europeias: a Eurosiberiana e a Mediterrânica, estando assim influenciado pelo litoral húmido e o interior continental crescentemente mais seco. A este efeito junta-se a componente altitudinal das partes mais altas onde um clima de feição subalpino se faz sentir. Esta mescla é responsável pela diversidade e diferenciação da cobertura vegetal. Até ao momento estão inventariadas e referenciadas cerca de 486 espécies de plantas, sendo 25 delas endemismos ibéricos (6,3%), 6 endemismos lusitânicos (1,5%) e 23 possuem estatuto de conservação (5,8%).
Nos cursos de água (rios e ribeiras), bem como nas suas beiradas húmidas adjacentes, levadas de rega tradicionais ou taludes encharcados e umbrosos, desenvolve-se uma associação vegetal típica, a vegetação ribeirinha ou ripícola, com importante função ao nível da estabilização das margens, segurando os solos e evitando a erosão. As espécies que a caracterizam são entre outras amieiro Alnus glutinosa, sanguinho Frangula alnus, freixo Fraxinus angustifolia, salgueiro Salix spp., Betula alba, urze-branca Erica arborea, feto-real Osmunda regalis ou feto-pente Blechnum spicant, para além de muitas hepáticas e musgos de enorme beleza.

Fauna

A intervenção do homem no Parque Natural do Alvão tem determinado a manutenção e o equilíbrio entre as diferentes formas de vida da fauna selvagem. Esta atitude tem contribuído para a diversidade biológica ao serem criadas novas unidades ecológicas (biótopos), campos agrícolas, lameiros, sebes, etc., que se associam aos biótopos naturais.
Até ao momento estão inventariadas cerca de 200 espécies no Parque natural do Alvão. Destas, cerca de 117 (58%) estão incluídas no anexo II da Convenção de Berna e 44 (22%) constam da lista de espécies ameaçadas do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal e 10 (5%) são endemismos ibéricos.
Destacam-se pela sua importância, em termos de conservação para a área protegida o lobo Canis lupus, o morcego-de-bigodes Myotis mystacinus, o morcego-de-franja Myotis nattereri, morcego-rabudo Tadarida teniotis, a águia-cobreira Circaetus gallicus, o falcão-peregrino Falco peregrinus, a petinha-ribeirinha Anthus spinoletta, melro-das-rochas Monticola saxatilis, o papa-moscas Ficedula hipoleuca, a gralha-de-bico-vermelho Pyrrhocorax pyrrhocorax ou o dom-fafe Pyrrhula pyrrhula.
O meio aquático (cursos de água e suas margens, charcos, zonas alagadiças, pequenos açudes e lagoas) suporta populações diversas de pequenos macroinvertebrados, como a libélula ou o alfaiate que alimentam toda uma cadeia trófica que aqui se inicia. Entre as diversas espécies de peixes presentes destaca-se a truta-marisca Salmo trutta, característica de troços mais torrenciais e mais montanhosos dos rios e ribeiras.

Saiba tudo sobre o Parque Natural em:
http://portal.icnb.pt/ICNPortal/vPT2007-AP-Alvao/Homepage+Areas+Protegidas.htm

O Rio Olo

O Rio Olo nasce em Lamas de Olo e com um curso de 35km vai desaguar no Tâmega, na sua margem esquerda.
Passa pela Aldeia de Varzigueto, antes de se precipitar de uma altura de cerca de 300 metros numa área rochosa, furando imperioso quartitzo, local mais conhecido por “Fisgas de Ermelo”.
Da passagem deste rio por Ermelo, existem alguns antigos registos:
(…) está hum lugar a que chamão Ollo, junto do qual corre hum rio em que se crião muyto boas trutas (…)
“Navegável nam há nenhum, somente o Rio ou Ribeiro grande que se mete no Tâmega, he caudaloso. Corre do nascente pera o poente. Dá peixes poucos – truitas, vogas e escalos, he livre a pescaria delles. Delle se tira agoa para regar as terras.
Athe ao Tâmega conserva o nome = Dolo, como já se disse.
Tem hua cachoeira no cimo de Cabril, tem levadas pellas quaes se tira agoa para os campos.
Nam se tirou ouro, nem o tem.
Os Povos uzam livremente de suas agoas por que sempre assim se uzou sem pençam.
Vai daqui para a freguesia de Canadello por fraguedo desmarcado.
Há neste Ribeiro huma ponte de pedra bem feita no sitio da barge por baixo desta villa
que fica na estrada do Maram e para a villa de Mondim”.

Outrora, a Via Medieval que ligava Mondim de Basto a Ermelo, da qual ainda existem muitos vestígios, nomeadamente calçadas, cruzava o Rio Olo na Ponte da Várzea (Ermelo).

Texto/Resumos do Livro: Mondim de Basto – Eduardo Teixeira Lopes

Continua...

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