domingo, 16 de agosto de 2009

18-07-2009 PR12 Terras de Bouro (1)

Trilho dos Moinhos de Santa Isabel do Monte
Rede de Percursos Pedestres “Na senda de Miguel Torga”


O Trilho dos Moinhos está muito bem sinalizado e inicia-se junto ao painel interpretativo, próximo à Capelinha das Nossas Senhoras do Socorro, das Necessidades e da Saúde. Situa-se, concretamente na aldeia de Campos Abades, a cerca de 12km de Santa Maria do Bouro.

Teve esta aldeia origem numa granja cisterciense, fundada pelos monges beneditinos do Mosteiro de Santa Maria de Bouro. Para além da Casa dos Bernardos, outros antigos imóveis que pertenciam a esta Ordem Religiosa encontram-se em recuperação para fins turísticos.
Podemos admirar os característicos canastros ou espigueiros, os palheiros e os currais dos porcos e das vacas que, quando chegamos pela manhã, vagueavam pelas bermas da estrada.

Um pequeno monumento mas, grande em histórias e lendas é o Cruzeiro ou Alminhas de Rebordochão. Sobressai à vista de toda a gente uma particularidade única: a cruz de pedra que lhe pertence não está colocada em cima do oratório mas ao lado deste. As gentes da região afirmam que já por diversas vezes a tentaram colocar no sítio certo mas no dia seguinte ela aparece de novo fora do lugar. Atribuem este mistério ao demónio porque, dizem eles, só pode ser obra do “mafarrico”, visto que é impossível uma ou duas pessoas deslocarem a Cruz de pedra tão pesada.

Para além de força motriz aos típicos moinhos, os cursos de água bordejam campos verdejantes de centeios e azevem, assim como as hortas contornadas por muros de pedra solta, fazendo fronteira aos caminhos que fomos calcorreando, intercalados por núcleos de frondosos bosques, onde se escondem grupos de garranos do Gerês, uma espécie característica do Noroeste de Portugal, que devemos preservar.

Este trilho é na realidade, duma beleza incrível. As duas componentes “Moinhos e Garranos” que hoje podemos admirar, fascinaram os elementos do grupo familiar “Caramulinha”!
Porque a totalidade da sua extensão é de aproximadamente 20 km, também nós resolvemos repartir este trilho por pelo menos duas partes, percorrendo nesta primeira abordagem ao trilho sensivelmente 8 km e regressando cerca das 13.00h a Campo de Abades, para relaxar e fazer uma ligeira refeição. (Por volta das 16.00h descemos para a Abadia.)
Quiçá, no Outono, regressaremos…

Para além da paisagem característica de Montanha, com enormes penedias, bosques e chãs de cultivo com algum pastoreio, é junto dos cursos de água, os Ribeiros da Ponte e de Rebordochão, braços que irão dar origem ao Rio Nava, afluente do Cavado, que este trilho assenta na verdadeira ascensão do nome que lhe atribuíram, os “Moinhos”.
Nesta curta extensão que percorremos do percurso, podem-se ver cerca de uma dúzia (de mais de quarteirão destes engenhos totalmente recuperados), preparados para o exercício dessa antiga e tradicional arte rural.

A actividade moageira foi, ao longo de séculos, uma fonte primordial de riqueza nestas regiões, onde sempre se cultivou o milho em abundância. É também muito importante como repositório de técnicas e saberes tradicionais. A recuperação destes moinhos é duma importância vital, quer no enquadramento paisagístico, quer ao nível turístico, sociológico e cultural. A arte de moleiro, caída em desuso por força da “evolução”, marcou para sempre inúmeras gerações. Passados séculos – quem diria! - um moinho ainda fascina e atrai tanta gente de diversos quadrantes sociais, com o propósito de o ver a funcionar e ouvir antigos moleiros a contar histórias e lendas que foram guardadas dos seus antepassados.
Garanto-vos que vale a pena percorrer este trilho e acrescentar ao rol dos mais belos da região do Gerês.

Até à próxima.

Beijinhos da “Caramulinha”

Continua...

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